ATA DA DÉCIMA QUARTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM  30-7-2008.

 


Aos trinta dias do mês de julho do ano de dois mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Haroldo de Souza e João Antonio Dib e pelas Vereadoras Margarete Moraes e Neuza Canabarro, Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Reunião, compareceu a Vereadora Maristela Maffei, Titular, e o Vereador Luiz Braz, Não-Titular. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 588218, 588351 e 590096/08, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Durante a Reunião, constatada a existência de quórum deliberativo, foram aprovadas as Atas da Décima Primeira e Décima Terceira Reuniões Ordinárias e a Ata Declaratória da Décima Segunda Reunião Ordinária. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Neuza Canabarro, afirmando ter pautado sua atuação política em conceitos como coerência, trabalho e ética, avaliou aspectos de campanhas eleitorais empreendidas em Porto Alegre pelos candidatos às eleições municipais de outubro do corrente. Nesse contexto, solicitou esclarecimentos da assessoria jurídica desta Casa quanto às normas eleitorais vigentes, destacando a necessidade de observância dessa legislação por parte dos envolvidos nesse processo. A Vereadora Margarete Moraes referiu-se às eleições municipais de outubro do corrente, citando a Lei Complementar Municipal nº 590/08, que veda a veiculação de propaganda político-partidária em muros e fachadas da Cidade. Ainda, criticou o Governo Municipal, abordando obras do Centro Popular de Compras e lendo trechos de matéria publicada hoje no jornal Zero Hora, intitulada “Arroio de plásticos e detritos”. Também, aludiu à instalação de escola técnica federal no Bairro Restinga. O Vereador João Antonio Dib procedeu a análises acerca da execução orçamentária da Prefeitura Municipal no primeiro semestre deste ano, salientando que se observa uma situação financeira superavitária em Porto Alegre e enfatizando a importância do papel fiscalizador exercido pelos Senhores Vereadores. Além disso, manifestou-se acerca do recesso parlamentar, considerando esse período propício à realização de debates aprofundados sobre questões relativas ao quotidiano da Cidade. O Vereador Haroldo de Souza lembrou a votação, por esta Casa, da proposta de implantação do Centro Popular de Compras, afirmando que essa obra vem sendo utilizada de forma eleitoreira por candidato às eleições municipais de outubro deste ano. Ainda, questionou a validade da atuação deste Legislativo durante o período de recesso parlamentar e, finalizando, declarou-se favorável à prisão dos Senhores João Pedro Stédile e José Rainha, líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Na ocasião, foi apregoado o Memorando nº 036/08, deferido pelo Senhor Presidente, de autoria do Vereador José Ismael Heinen, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia vinte e quatro de julho do corrente, na solenidade comemorativa ao trigésimo sexto aniversário de criação do 8º Batalhão Logístico da Brigada Militar, às dez horas, na sede do 8º Batalhão Logístico, em Porto Alegre. Também, foi apregoado o Ofício nº 586/08, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Veto Total ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 009/07 (Processo nº 2503/07). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maristela Maffei, contraditando o pronunciamento do Vereador Haroldo de Souza, no que se refere às afirmações feitas contra a atuação dos Senhores João Pedro Stédile e José Rainha à frente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, alegou que são justas as manifestações públicas desse Movimento. Ainda, referiu-se a problemas enfrentados pelos camelôs no Centro de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell criticou a falta de medicamentos em unidades de saúde da Cidade. Também, analisou distorções na propaganda eleitoral realizada no Centro e lembrou sua gestão como Secretário Municipal da Produção, Indústria e Comércio, especialmente os atos de facilitação para a concessão de alvarás, a legalização de áreas do Porto Seco e do Parque Industrial da Restinga. Finalizando, propugnou por soluções para alagamentos verificados no Município. O Vereador Carlos Todeschini, discorrendo sobre a questão da violência urbana, afirmou que o ex-Secretário da Segurança Pública, José Francisco Mallmann teve um trabalho destacado à frente dessa pasta e que a gestão atual nessa área é preocupante. Sobre o assunto, questionou a aplicação da Lei das Áreas Integradas de Segurança Pública, sancionada no começo deste ano, lembrando a necessidade da inclusão social como pré-requisito para o combate à criminalidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Todeschini avaliou a precariedade dos serviços públicos na área da saúde na Cidade, protestando, particularmente, contra a omissão dos Governos Municipal e Estadual com relação ao abandono do Centro de Saúde Escola Murialdo. Além disso, contestou promessas feitas pelo ex-Diretor do Departamento Municipal de Habitação e candidato a Vereador de Porto Alegre, Senhor Nelcir Tessaro, sobre terrenos para reassentamento no bairro Lomba do Pinheiro. O Vereador João Antonio Dib, considerando a fiscalização dos atos do Executivo a tarefa mais importante desta Casa, ressaltou que as Reuniões realizadas durante o recesso parlamentar possibilitam mais oportunidades para que os Senhores Vereadores utilizem a tribuna para esse fim. Ainda, discordando do exposto hoje sobre o tema pelo Vereador Haroldo de Souza, em Comunicações, considerou salutar o funcionamento da Comissão Representativa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, o Vereador Adeli Sell cobrou do Governo Municipal melhorias nos serviços de saúde prestados à população, referindo-se especialmente a problemas existentes na distribuição de medicamentos e à necessidade de contratação de pessoal para o atendimento nessa área. Além disso, protestou contra a prorrogação do contrato da Prefeitura com a cooperativa que realiza a limpeza dos sanitários do Mercado Público de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pelo Governo, o Vereador João Antonio Dib, respondendo a críticas do Vereador Adeli Sell sobre a área de saúde do Governo Municipal, afirmou que também havia falta de medicamentos durante os mandatos do PT na Prefeitura e desaprovou a política do Governo Federal para a saúde pública. Também, registrou ter sido arquivado, por falta de provas, processo contra o Senhor Garipô Selistre, indiciado por irregularidades na Direção-Geral do DMLU. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza reiterou seu posicionamento contrário ao funcionamento desta Casa durante o recesso parlamentar, argumentando que o fechamento da Casa nesse período proporcionaria economia aos cofres municipais. Ainda, rechaçou práticas da Cooperativa que presta serviços ao Departamento Municipal de Limpeza Urbana, repudiando a forma como essa Sociedade gerencia questões relativas aos seus associados. Às onze horas e vinte e sete minutos, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores Titulares para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Claudio Sebenelo e Carlos Todeschini e pela Vereadora Margarete Moraes, esta nos termos do artigo 27, parágrafo único, do Regimento, e secretariados pelo Vereador Carlos Todeschini, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Carlos Todeschini, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após aprovada pela Mesa Diretora, nos termos do artigo 149, parágrafo único, do Regimento, será assinada pela maioria dos seus integrantes.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Em votação a Ata da 11ª Reunião Ordinária, da 12ª Reunião Ordinária Declaratória e da 13ª Reunião Ordinária. Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

A Verª Neuza Canabarro está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, estamos numa Reunião Representativa e iniciando uma campanha eleitoral, e é importante falarmos sobre a ética na política. Tenho procurado pautar a minha vida, Ver. Haroldo, pela coerência, pelo trabalho e pela ética. E, muitas vezes, a gente não é bem entendida. Digo sempre que sou legalista - se a lei existe, deve ser observada. A lei não é feita para ir para o arquivo, ou para não ser observada. Nós, que somos legisladores, precisamos iniciar a nossa trajetória e marcá-la com o trabalho e com fundamentação legal. Por que falo isso? Porque neste momento de campanha eleitoral, em que as regras do jogo foram alteradas, queremos que todo e qualquer indicador mostrado pelo TSE seja observado. Mas vemos, em diferentes situações, pinturas com mais de quatro metros quadrados nos muros; vemos, no próprio muro, a colocação de cartazes, e isso também infringe a lei eleitoral.

E aí vemos a exposição dos Vereadores e dos políticos, com a quantidade de viagens que se tem. Nós estamos aqui há três anos e sete meses, e nesse período não realizamos, às custas do erário, viagens para o Exterior, para fora. Eu sempre digo o seguinte: quando se é convidado para uma palestra, esse convite é de quem tem interesse, e, se tem interesse, paga. Eu fui fazer uma palestra em Assunção, no Paraguai, já como Vereadora, com tudo pago. Então, quando se diz: “Eu fui convidada, e é às custas do erário...” Não! São aqueles seminários, aqueles encontros, Ver. Adeli Sell, em que as pessoas se inscrevem e passam um fax depois, pedindo para oficializar o convite. Nós temos que ter cuidado com isso, sim, porque é imoral, imoral! Eu questiono toda a vez que fico em dúvida. Não estou fiscalizando nenhum colega, nenhum Vereador, mas é para saber se estou dentro da legalidade.

A plotagem dos carros - o carro que eu uso, como Vereadora, não tem plotagem - eu fico questionando; acho que não temos essas regras claras aqui dentro, deveríamos ter um comunicado da Assessoria Jurídica da Câmara de Vereadores dizendo que “tais, tais e tais aspectos não podem ser infringidos”, e nós temos que os observar.

Essa colocação se faz importante, porque não fica bem, estampada em jornais como Zero Hora e outros jornais aqui do Rio Grande do Sul, uma matéria declarando: “Viagens de Vereadores geram Ação.” Ou, quando nós vemos o nome de Vereadores que, através de propaganda proibida, colocaram as suas mensagens antecipadas; isso é querer “queimar a largada”. E quem não lembra de um artigo publicado pelo Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, dizendo: “Queimando a largada: nós queremos dizer” - dizia ele - “que nesta eleição se terá a Justiça atenta.” E estamos vendo isso. “Queimar a largada” é querer se antecipar.

Por exemplo: nós, candidatos, não podemos ter nenhum compromisso com gráfica, de material, antes de abrir a conta, e, para abrir a conta, temos que ter o CNPJ. Portanto, só após a data do CNPJ, é aberta a conta; só depois de aberta a conta pode receber a doação; só depois de ter a doação na sua conta, pode, então, começar a gastar, a menos que faça o faturamento para 30 dias, aí sim é o único caso. Mas o que não fica bem, Ver. Adeli Sell, e que a gente vê, é que em determinadas situações eu mesma vou fazer uma encomenda e me dizem: “Não”. Eu tenho de ter o dinheiro na conta para poder pagar! Mas há muitas pessoas que fazem! E também depois estão devolvendo a mercadoria, ou têm cheque sem fundo. Isso aí prejudica a todos nós que somos políticos. Todos nós vamos pagar, pagar por aquele que deixou lá dentro do cofre do empresário, da gráfica, o seu cheque sem fundo! Então, por essa razão, temos de procurar ter aqui dentro o mesmo comportamento.

Eu digo, Ver. João Antonio Dib, que, quando se fala mal dos políticos, nós temos de ter consciência de que o perfil do político reflete o perfil do eleitor. Cada um de nós tem atrás de si milhares de votos, e votos de alguém que, por uma das nossas qualidades, nos colocou aqui; assim nós refletimos o perfil do eleitor! Por essa razão o meu apelo ao Ver. Sebenelo, no exercício da presidência, no sentido de que tenhamos um comportamento comum a respeito da plotagem de carro e que haja outras recomendações, porque cabe a nós, que já estamos no exercício do mandato, dar o exemplo; os outros estão chegando. Temos atrás de nós uma história, uma bagagem. Eu estou em primeiro mandato, mas passei pela Secretaria Municipal de Educação, pela Secretaria Estadual de Educação e não há absolutamente nada para me envergonhar em termos de condenação ou de falhas. E isso aqui é importante. Ver. João Antonio Dib, há quantos anos atua como Vereador? Ver. Haroldo de Souza, Verª Margarete Moraes, tudo aquilo que está dentro do nosso material de divulgação tem de estampar a realidade, nós temos de colocar exatamente aquilo que realizamos. Não vamos fazer propaganda enganosa colocando o que não foi feito por nós especificamente, ou agregar coisas dos outros, não vamos lá de mão grande no que é projeto de outras pessoas. Então, faço um apelo para que tenhamos uma unidade, porque temos a maior responsabilidade de chegar ao dia da eleição com a consciência tranqüila do dever cumprido. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Nós é que agradecemos, Verª Neuza.

A Verª Margarete Moraes está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. MARGARETE MORAES: Exmo Sr. Claudio Sebenelo, na presidência dos trabalhos; Vereadoras que nos acompanham, Vereadores João Dib, Carlos Todeschini, Haroldo de Souza, Neuza Canabarro, Adeli Sell, Luiz Braz, estamos aqui cumprindo com o nosso dever em uma sessão representativa. E eu queria comentar com a Verª Neuza Canabarro que o Ver. Haroldo de Souza e eu - foi aprovado por unanimidade nesta Casa - apresentamos um Projeto que contribuiu com a despoluição visual da cidade de Porto Alegre. Devemos comparar o que era Porto Alegre antes desse Projeto, nas eleições anteriores, com o que é Porto Alegre agora. Inclusive a proibição dos cavaletes foi uma idéia, uma Emenda da Verª Neuza Canabarro. Hoje a Cidade está muito melhor, porque acreditamos que as pessoas devem votar no candidato pelo seu conteúdo, por aquilo que ele defende; a pessoa identificar-se ou não com aquele candidato é importante. Nós, que somos Vereadores, temos que apresentar uma prestação de contas do que foi feito por nós na realidade e dos nossos compromissos futuros. Contribuímos com a despoluição visual, não temos mais aquelas bandeirolas de plástico nos postes, que tanto sujavam a cidade de Porto Alegre, material, inclusive, não tinha nenhuma eficácia, porque eram bandeiras de tantos candidatos num poste, que as pessoas não conseguiam enxergar ninguém; os cavaletes acabavam obstruindo o trânsito das pessoas. Mas, com o respeito ao patrimônio público, ao patrimônio histórico e cultural, os muros, que foram proibidos nesta Casa, foram excetuados pelo Tribunal Regional Eleitoral, e hoje os muros continuam na Cidade. Tenho certeza de que o nosso Projeto também foi um Projeto democrático, porque as pessoas que têm menos recursos, menos condições, que não podem colocar os cartazes, não podem colocar as bandeirolas, devem ser reconhecidas pelo que significam para a população de Porto Alegre.

Felizmente, Porto Alegre ainda não tem este problema e tomara que não se contamine com as milícias que existem nas favelas do Rio de Janeiro, com alguns setores da Polícia juntos, com o crime organizado, que impedem a chegada de candidatos que não são apoiados pelo chefe do tráfico da região, o que obriga as pessoas a terem quase que um único candidato. Basta ler o jornal Zero Hora de hoje para comprovar isso. Tomara que essas práticas sejam barradas imediatamente, para que não contaminem o resto do País.

Já que eu estava falando no jornal Zero Hora, há uma manchete que diz o seguinte: “Arroio de plásticos e detritos.” E aí está um Governo Municipal que fala em transversalidade, que fala em cooperação, que fala em solidariedade e relacionamento intersecretarias, e o discurso, Ver. Adeli, da transversalidade é um discurso correto, cada Secretaria não pode ser um feudo, um órgão separado que disputa com a outra. Com a manchete “Arroio de plásticos e detritos”, o jornal Zero Hora apresenta uma imagem que diz que o arroio Cavalhada parece coberto de detritos. O jornal publica uma matéria, e quem ler a matéria vai chegar à conclusão de que o Secretário do DEP está esperando a licença ambiental da SMAM. Então é importantíssimo, impressionante que o autor da frase seja o Diretor do DEP, do Departamento de Esgotos Pluviais. Ele diz que a própria Prefeitura não consegue licença para a própria Prefeitura limpar o arroio! Então, é algo, no mínimo, ridículo, mas quem sofre é a população de Porto Alegre, porque, com tanta chuva, há todo esse vazamento do arroio. Essa é a tal da Governança Solidária Local, que era preconizada pelo Secretário Cézar Busatto, que falava muito - e ainda fala - da transversalidade, que infelizmente, de fato, não acontece.

Também eu quero me referir ao camelódromo ou ao estacionamento. Parece-me que há muitas queixas em relação à SMIC, sobretudo no que diz respeito ao camelódromo, ao estabelecimento das listas de quem, de fato e de direito, vai ocupar aquele espaço. E aí nós lemos o Jornal do Centro, que eu acho que é um grande Jornal de bairro, que é distribuído gratuitamente e que faz uma abordagem sobre a situação do futuro camelódromo. O estacionamento, Ver. Todeschini, não está contido na licitação inicial para a construção do Centro Municipal de Compras. Agora, sobre as pessoas que vão ocupar cada boxe, a concessão de uso não será remunerada durante o período de 25 anos. Então, hoje, se houver prorrogação do contrato, a remuneração será de 10% do arrecadado com as locações de oitocentos módulos de comércio. Hoje esse valor seria de aproximadamente 32 mil reais. Então, o estacionamento, que é o mais lucrativo, nem aparece no contrato com o Poder Público. Potencialmente, o estacionamento, naquele ponto do Centro da Cidade, renderia, em um dia, mais do que todos os aluguéis de boxe de um mês.

O Jornal do Centro também questiona a situação da firma vencedora do processo, que é a Verdicom. O Capital Social dessa empresa, há dois anos, era de 150 mil; agora, em dois anos, ele passou para 2.400 milhões de reais, e, mesmo assim, com um Capital Social desse valor, essa empresa não tem página na Internet. Eu acho que deveria ter página na Internet, para que qualquer pessoa pudesse acessar e ver quem é essa empresa, não é?

Agora, uma boa notícia para Porto Alegre: nós participamos de uma Audiência Pública aqui, como exige a lei, e a construção da Escola Técnica da Restinga é uma realidade. A Prefeitura, depois de tempo, garantiu o terreno, cedeu o terreno para o Governo Federal, e o Governo Federal está implementando essa obra. Há uma destinação de 5,5 milhões de reais para as instalações da Escola Técnica da Restinga, e eu quero mandar os meus cumprimentos à comunidade da Restinga. Nós participamos, quase dois anos, de reuniões, de audiências públicas, junto com outros Vereadores desta Casa, dando apoio de uma maneira discreta, pelo menos do meu ponto de vista, para que a própria comunidade escolhesse quais os cursos que são necessários àquela região e que podem contribuir com a cidade de Porto Alegre, evidentemente orientados pelos professores da UFRGS, pelos professores da Escola Técnica de Bento Gonçalves, que fez todo um trabalho com a uva, com o vinho e que ajudou, contribuiu, com o desenvolvimento econômico daquela região na sofisticação do trabalho da uva e do vinho. Agora eles optaram por três cursos na área de Informática. Portanto, eu acho que uma das grandes vias de desenvolvimento de Porto Alegre, com razão e com certeza, é o desenvolvimento científico e tecnológico.

Esses cursos na área de Informática certamente farão com que esses alunos, sobretudo os advindos da Restinga e da Lomba do Pinheiro, tenham uma produção de conhecimento mais sofisticada, mais contemporânea. E a gente acredita que a Escola Técnica, que será na Restinga, mas que é Escola Técnica de Porto Alegre e que existe em várias cidades do Brasil, contribuirá também com o desenvolvimento da educação e sobretudo com o desenvolvimento econômico dessas pessoas, que vão ter uma capacitação superior à que existe hoje - mais ou menos como funcionava há 30 anos o Colégio Parobé, que era um colégio de 2º Grau, mas que formou muitos técnicos que sobrevivem até hoje desse trabalho. Eu vou ficar por aqui. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras Margarete Moraes e Neuza Canabarro, eu gostaria de fazer uma análise da execução orçamentária da Prefeitura no primeiro semestre. Verifico com otimismo que vai bem a Prefeitura na sua execução orçamentária. No primeiro semestre, ela arrecadou pouco mais da metade do que estava previsto para todo o ano. Portanto, isso nos dá a tranqüilidade de que chegará ao fim do ano com superávit primário, o que é importante para o pagamento dos financiamentos que a Prefeitura tem.

Eu observo que, em relação ao IPTU, se arrecadou 58% da previsão; portanto, mais da metade. E no mês de dezembro sempre há uma antecipação; vai passar muito. O ITBI, 54% em números redondos; o ISSQN, esse sim, apenas 45%, e os servidores da Fazenda têm uma gratificação quando há melhoras na arrecadação. E a arrecadação que pode ser melhorada pelos servidores da Fazenda é exatamente o ISSQN, porque este é fiscalizado, os outros acontecem espontaneamente, as pessoas têm que pagar o IPTU, vão lá e pagam, não sai agente fiscal atrás da cobrança de IPTU, nem de ITBI, as pessoas procuram a Prefeitura para pagar o ITBI; agora, para o ISSQN, também procuram a Prefeitura, mas há fiscalização. E me parece preocupante que apenas 45% da previsão orçamentária tenha sido realizada nos seis primeiros meses.

Sobre o Imposto de Renda na fonte, é claro que é previsão certa, são 55%, deve dar o restante, até porque com o 13% Salário completa e ultrapassa. Fundo de Participação dos Municípios: a Prefeitura vai bem este ano, vai melhor do que no ano passado, tem 62%, quase 63% da previsão para todo o ano; portanto, vai muito bem. A respeito do SUS, também, pela primeira vez está superando a previsão em quase 57%. Para o ICMS, há quase 52%, e a previsão é de que cresça mais ainda. O IPVA, 76%, quase 77%; como acontece em dezembro, muita gente antecipa o pagamento e vai, realmente, melhorar mais ainda a arrecadação da Prefeitura. Para o Fundep temos 55%. Então todos os índices que se vê aqui nos dão tranqüilidade e até despreocupação, porque parece que as previsões se realizam, com exceção do DMAE, que, para uma previsão de 367 milhões, arrecadou apenas 159, dando, em números redondos, 43%.

Não sei o que está acontecendo com a previsão orçamentária do DMAE, já que no ano passado foi a mesma coisa, a arrecadação ficou bem abaixo do previsto. A Prefeitura arrecadou, no primeiro semestre, 1 bilhão e 456 milhões, o que não significa exatamente que tenha sido pago, mas empenhou, isso foi gasto, 1 bilhão e 412 milhões. Há, portanto, no primeiro semestre, um superávit de 44 milhões de reais. Sobre o superávit primário, volto a dizer que não significa que o dinheiro esteja sobrando e que não tenha sido usado. É um dinheiro que será usado para pagamento de financiamentos, juros e outras coisas que são normais nesse caso.

O meu amigo Ver. Haroldo de Souza é contrário ao recesso parlamentar. Eu gostaria de dizer que, no recesso parlamentar, se faz apenas o recesso legislativo. Nós não podemos fazer leis, no resto a Câmara continua funcionando na plenitude de suas obrigações. Com o que eu fico contrariado no recesso parlamentar é que temos a metade e mais um dos Vereadores representados no recesso, são 19 Vereadores. Lamentavelmente, alguns não comparecem nenhuma vez no recesso, e no recesso inclusive tem Ordem do Dia, nós temos Requerimentos para serem votados e podem ser votados, mas precisaríamos de dez Vereadores para fazer a votação desses Requerimentos, e nós não temos conseguido isso. Por outro lado, se o Prefeito precisar viajar, teremos de reunir a Câmara para fazer com que ele seja autorizado, e, no recesso, pode ser autorizado ao Prefeito viajar sem dúvida nenhuma. Volto a dizer que o que me entristece é que, dos 19 Vereadores, raramente chegamos a dez, e há alguns que não compareceram nenhuma vez no recesso. Isso é muito triste. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo; Vereadores Adeli Sell, Margarete Moraes, João Antonio Dib, Neuza Canabarro - acho que é só o que temos. Estamos em plena campanha eleitoral, e alguém já subiu aqui e falou em ética de campanha. E quero abrir a minha bateria para um candidato do meu Partido que está na praça. Eu sou muito transparente e jogo limpo, não admito que as pessoas mintam. A mentira tem perna curta, e usar o que outras pessoas fazem, numa campanha eleitoral, é falta de ética. Eu não vou declinar o nome dele, mas repito que é do meu Partido, é do PMDB. Eu não vou declinar o nome por enquanto, mas, se for preciso, vou falar. Não gosto de desigualdade, não gosto! E não gosto de pessoas que ficam contando história! Não, não contem história! O camelódromo de Porto Alegre foi decidido aqui nesta Casa. Aqui foi votado o Projeto para o camelódromo de Porto Alegre. Não tem pai nenhum, não, nem o Prefeito! Esta Casa votou o camelódromo! Não me interessa em qual Administração da SMIC, mas foi esta Casa que votou o camelódromo!

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Haroldo de Souza: e dois Vereadores foram a Minas Gerais e a Curitiba estudar as possibilidades da instalação do camelódromo.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: É, eu não me recordo o nome dos dois...

 

O Sr. João Antonio Dib: O Ver. Adeli Sell e o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Adeli Sell e Luiz Braz. Estão aqui os dois, na minha frente! Então os dois Vereadores saem representando este Parlamento, vão a Belo Horizonte, ou vão nas “cacimbinhas” saber como é que funciona o camelódromo, trazem para cá, o Projeto é votado nesta Casa, e agora alguém se arvora de que está resolvendo o problema dos camelôs em Porto Alegre! Mentira! Não é por aí! É um candidato do meu Partido, eu repito, mas não é por aí! Não vai fazer igrejinha em campanha, enquanto eu estiver na política, não vai mesmo! O camelódromo foi votado nesta Casa pelos trinta e seis Vereadores! E estamos conversados! Não me botem esses “santinhos” safados na rua, que isso aí é falta de ética, é falta de moral! Numa boa, entendam-me, por favor! Estou guardando o “santinho” e, se for preciso, vou falar o nome da pessoa. É do meu Partido, mas eu não gosto disso! Quem faz, faz; quem não faz, não faz! Não se apodere de projetos de outros! Esse Projeto é da Câmara, e o Executivo realizou! E o “santinho” está ali cheio de coisas.

Por favor! Não tenho nada particular contra esse candidato, que, repito, é do meu Partido, mas não vou admitir - nem do PMDB, nem de outro Partido - que alguém se arvore de Projeto de outros! Criação não sei de que, que foi criado pelo ex-Secretário... Sabe? Numa boa, reservo-me o direito de usar neste Plenário o meu ponto de vista. E estou usando o meu ponto de vista e não vou permitir que campanhas sejam feitas dessa maneira em Porto Alegre. Já bastam as dificuldades que todos nós estamos tendo nesta campanha, porque ela se limitou a determinado número de coisas. Mas tudo bem! É o momento de mostrar quem trabalhou na Casa, quem trabalha, quem busca, realmente, o interesse da cidade de Porto Alegre. Não me venham com demagogia e nem mentira!

Antonio Dib, eu sei que o recesso é apenas uma folga legislativa. Mas a lei, que o senhor diz que é para ser cumprida, também foi feita para ser modificada. Por que essas luminárias todas acesas aqui para um, dois, três, quatro, cinco Vereadores? A equipe de taquígrafas, a televisão, os assessores, a luz acesa, para quê? Eu vou repetir: esta Casa não pode conviver com esse tipo de coisa. Para votar Moção de Repúdio à Presidência do Senado Federal do Brasil! Que coisa, hein? Aldacir Oliboni e Dr. Raul requerem Moção de Apoio às Secretarias e Conselhos Estadual e Municipal de Saúde, ótimo! O Dib requer Moção de Solidariedade ao Jornal Mente - Corpo, pelo transcurso do 5º aniversário; isso é recente, é de 2008, tudo bem! Moção de Solidariedade ao Sindicato dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul - este é meu, é de 2008. Mas peguem os outros Requerimentos aqui: de 2007, de 2006, olhem aqui! Requer Moção de Repúdio ao INSS pelo tratamento... É de autoria do ex-Vereador Cassiá Carpes! Mas o que é isso? Nós estamos brincando de fazer política? Isso é brincadeira! Do Carlos Comassetto: Moção de Solidariedade à Polícia Federal do Rio Grande do Sul, pela eficaz ação da força policial que impediu o roubo aos cofres públicos do Banrisul e da Caixa Econômica Federal! Mas é obrigação da Polícia evitar roubo! Aí evita o roubo, e surge uma Moção de Solidariedade! Mas o que é isso, hein? Olhem, do Claudio Sebenelo: requer Moção de Repúdio ao teste de uso de bomba atômica pela Coréia do Norte. O Presidente Kim Jong-il não vai mais fazer, não tem mais! O Sebenelo mandou um repúdio para lá, não tem mais!

Outra aqui: Moção de Repúdio pela retirada da Pauta de Votação a Emenda Constitucional referente ao percentual de repasse ao Fundo de Participação dos Municípios, do José Ismael Heinen. E aí? Maristela Maffei e outros requerem Moção de Solidariedade ao Movimento de Pais de alunos do Colégio Sévigné. Olha, não dá! Isto aqui é papel! Poderia ser transformado em caderno escolar! O papel que as minhas amigas estão usando ali, as taquígrafas, todas, poderia ser transformado em caderno escolar! Vão até a periferia; em campanha, vocês vêem o que é miséria. Vão até a periferia ver se um papel deste aqui não tem um grande valor. Lei é feita para ser cumprida, mas também para ser modificada! Por que recesso? Para discutir o quê? O sexo dos anjos? Essas Moções de Repúdio? Não.

Talvez para falar que um dos carros-chefes da Administração atual foi aprovado plenamente: 100mm de chuva/dia e não inundou o Parcão; na Av. Goethe ninguém mais anda de jet. Então, essa é a realização, e outras virão por aí. Agora, o que não se pode, Dib, é a gente conviver com isto: vir aqui o senhor, eu, Margarete, Adeli, Neuza, e todo este complexo da Casa para quê? Para votar Moção de Repúdio para o louco da Coréia do Sul ou do Norte - sei lá qual é - não fazer mais explosões de bomba atômica? Mas e aí? Isso não passa da fronteira do Rio Grande do Sul! O que nós estamos fazendo aqui? Aí, sim, nós estamos brincando com coisas que realmente não deveriam ser brincadeira. Isso é muito mais sério do que vir aqui para uma Representativa e usar toda a estrutura da Casa para votar o quê? Mas, se não podemos votar, por que estamos reunidos aqui? Para aproveitar palanque? Não! Já basta o candidato mentiroso, já basta o candidato que afana Projeto dos outros para botar no seu “santinho”! Não vamos conviver com mais isso, por favor.

E uma pergunta que eu queria fazer aos amantes, àqueles que gostam do MST: o MST foi multado em 3 milhões e 300 mil reais porque interrompeu uma ferrovia. Mas de onde o MST tem 3,5 milhões, Todeschini, para pagar a multa? Tem! Mas claro que tem! Esses pobres que passam aqui são comandados pelo famigerado Rainha e aquele tal do Stédile, aqueles dois que deveriam estar em cana. Cadeia! Cadeia para o Stédile e para o Rainha, porque eles estão muito bem de vida e soltam essas crianças, esses pobres coitados, pé-rapados, passando por aí, invadindo o INCRA, invadindo tudo que eles acham que podem invadir, e aí eles são multados em 3 milhões! Quem é multado em 3 milhões é porque tem os 3 milhões para pagar! Que caixa é esse do MST, hein? As FARC estão terminando lá na Colômbia, será que vêm para cá?

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Haroldo de Souza, não fora a Comissão Representativa, como é que V. Exª poderia estar falando sobre o candidato e sobre o Movimento dos Sem Terra?

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Eu estou aproveitando o espaço que erradamente é usado por esta Casa! Só isso. Eu vou repetir para o senhor: lei foi feita para ser cumprida, mas também para ser modificada, quando ela é superada e arcaica, como esta que nós estamos vivenciando aqui. Representativa é sacanagem! Não tem nada a ver!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): Apregoamos o Memorando nº 036/08, de autoria do Ver. José Ismael Heinen (Lê.): “Sentir-me-ia muito honrado se, ante a impossibilidade do comparecimento de V. Exª na Cerimônia alusiva ao 36º aniversário do Batalhão Logístico, que ocorrerá dia 24 de julho do corrente ano, às 10 horas, no mesmo local, na Av. Bento Gonçalves nº 3.156, na Capital, me fosse dada a honra de representar V. Exª nesse ato por demais importante. Agradeço a distinção ao presente pedido”. O Ver. José Ismael pede para representar o Presidente na cerimônia ocorrida no dia 24.

Apregoamos o Veto Total ao PLCL nº 009/07, de autoria do Ver. Professor Garcia. O Projeto foi aprovado por unanimidade nesta Casa (Lê.): “... altera o § 2º do art. 44, o § 2º do art. 49 e o art. 50 da Lei Complementar nº 170, de 31 de dezembro de 1987, e alterações posteriores, que revoga a Lei Complementar nº 32, de 07 de janeiro de 1977, estabelece normas para instalações hidrossanitárias e serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário prestados pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos, e dá outras providências, reduzindo os valores percentuais para a cobrança de multas [e juros de mora na falta de pagamento das contas]”.

A Verª Maristela Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente em exercício, Ver. Carlos Todeschini; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, o dom da palavra... Aliás, há pessoas especialistas até porque são da área, assim é no teatro, na televisão ou em qualquer coisa. Eu respeito a posição. No entanto, há fatores históricos. Enquanto alguém se sente um pouco autodidata em alguns determinados temas... Porque mais do que falar é ver, mais do que falar é conhecer. E a questão científica se traduz numa coisa: é ver. Eu vejo, por exemplo, Vereadora, educadora Neuza Canabarro, que a história pode ser vista de qualquer forma. Aliás, a formação da mente humana não vem pronta, ela se faz na vida, depende do meio em que está e, muitas vezes, depende de onde interessa estar.

Ver. Haroldo de Souza, o senhor sabe o respeito e o carinho que eu tenho pelo senhor, mas gostaria de registrar que, antes de falar do MST, nós temos que ter a noção histórica...

 

O Sr. Haroldo de Souza: V. Exª permite um aparte?

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Eu estou falando em Liderança, senão eu lhe daria um aparte com muito prazer, pode ter certeza disso.

Antes de qualquer coisa, nós temos que saber como é que foi invadido este País por aqueles que o senhor está defendendo aqui! Por aqueles que são uma minoria, detentores das terras deste País, indivíduos que invadiram, que não produzem e que têm só para si a lei, porque as nossas universidades, as nossas Polícias, as nossas instituições - e não é nada pessoal com esses nobres trabalhadores, que são dessas categorias e que estão aqui dentro desta Casa - foram elaboradas para defender essa corja! E quando digo “corja” não é em caráter pessoal - o Ver. João Antonio Dib sabe do que eu estou falando -, não é pessoal, refiro-me a instituições que foram feitas e estão a serviço da universidade, a cabresto, para cuidar disso.

Agora, quando outro movimento se organiza, aí ele é bandido, é criminalizado: não pode se organizar, não pode ter universidade, porque as instituições são sagradas, o resto é profano... Aí vão buscar na antropologia, vão discutir com profundidade! Agora não me venha com esse lero-lero de quem está acostumado, com o rádio, a ganhar “Tops” e achar que vai diminuir a minha inteligência, a minha capacidade. Respeitem quem eu respeito, quem eu conheço na história! É assim que a gente faz. Eu respeito a opinião do Ver. Haroldo de Souza, mas ele tem que respeitar as outras partes! Aqui não existe um Partido único! Aqui não existe uma ideologia única! Aqui há pessoas que se aprofundaram, estudaram Ciências Políticas, Sociologia, Educação, Pedagogia, Matemática, Física... E, graças a Deus, eu leio muito, Ver. Carlos Todeschini, mas, mais do que isso, eu sou muito gramisciana, eu sou uma intelectual da práxis, e é ali que eu busco a minha inspiração e me alimento.

Dizer que todo o mundo é igual é muito triste. Se existe um movimento no mundo em que não aconteceu uma convulsão social, e vamos diferenciar de revolução, chama-se MST. Há problemas? Sim. Mas a grande maioria das pessoas, como o Stédile, são dignas, honradas. Lamento que esta Casa tenha cometido uma heresia, porque já vi Título para a Farsul, seja para quem for, e eu votei a favor. Não é o meu segmento, mas não posso desrespeitar o outro que teve essa vontade e não honrar a tradição desta Casa e dar um Título a esse militante, que, se tem uma vida digna, mais ainda eu o louvo, porque não pensa só para si, pensa para os outros. E vou repetir: o grande problema daqueles que não são ricos, que são pobres como eu - como é o caso do Ver. Haroldo de Souza -, é ser pobre com cabeça de rico, isso é um câncer para a sociedade - eles deveriam assumir a sua posição de classe. Mas mesmo assim eu o respeito e vou colocar um ponto, neste momento, sobre isso, vou colocar. Não tripudie sob quem está embaixo de uma lona, que não quer buscar só para si uma casa. Porto Alegre é o maior exemplo disso: a população não quer quatro paredes, quer a cidadania, quer um conjunto de coisas para viver feliz, para não se tornar mais uma mercadoria. E não diminuam a minha inteligência! Porque eu também sei sorrir, Ver. João Antonio Dib, sei defender as coisas e buscar a felicidade, que luto para a minha filha, felicidade que também quero para todos os filhos do mundo.

Quero terminar com algo que concordo com o Ver. Haroldo de Souza, para ele não achar que estou contra ele. Neste momento acontece uma reunião com todas as pessoas que estão envolvidas com a questão do camelódromo lá na Travessa Leonardo Truda. É grave a situação. O Secretário que saiu e o que está estão equivocados, mas há um responsável: o Prefeito Municipal de Porto Alegre. Estão inventado questões puramente eleitoreiras! Estão colocando “quem eu quero”, e não é assim que vai ser. Nós vamos sair para a rua, e eu vou estar à frente. Não venham me chamar e dizer que qualquer um que estiver lá vai estar fazendo proselitismo eleitoral, porque, se isso acontecesse no meu Governo, eu também estaria contra, podem ter certeza disso, porque eles serão injustiçados.

Então, Ver. Haroldo de Souza, se o senhor estiver me ouvindo, quero dizer que o senhor tem razão em relação à questão do camelódromo, quero convidá-lo para ir junto comigo agora, e outros que quiserem, lá na Travessa Leonardo Truda, no Sindicato, para, junto com os camelôs, ver o que está acontecendo realmente, porque não é qualquer coisa. Não é qualquer coisa! Eu já vi Vereador se eleger Deputado Estadual com uma bandeira de luta, hoje ele está lá na Assembléia defendendo uma bandeira a qual ele era contra aqui em Porto Alegre. Vocês lembram: clack em frente aos pardais, não sei mais o quê; hoje está lá com a Concepa, não sei mais quem, não sei mais quem. Então, mais do que o discurso é a prática que vale! Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Vereador se ausentou pois está representando a Casa.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ADELI SELL: Caro Ver. Todeschini, colegas Vereadoras Margarete Moraes - minha Líder - e Neuza Canabarro; Ver. Dib, Verª Maristela Maffei, é preciso, sim, Verª Maristela, falar “sem papas na língua” das coisas que a gente pensa, porque aqui é a tribuna do povo, a representação coletiva da Cidade. É importante que se registre, Verª Margarete Moraes... Pelo menos o papel que o Ver. Haroldo sacudiu aqui contém duas grandes notícias para Porto Alegre: o destino de duas verbas polpudas, uma, de mais de 200 mil reais, para transplantes, e outra, de cento e quarenta e poucos mil reais, para a área de Oncologia, verbas que vieram do Fundo Nacional da Saúde. Isto é muito importante: que o dinheiro que nós pagamos em impostos retorne para a população.

Eu quero falar da questão da Saúde novamente, em especial em relação aos idosos e àqueles que usam medicamentos de uso continuado. Nós temos gravíssima falta de medicamentos nos postos de saúde, desde o paracetamol, que é para uma dorzinha de cabeça, desde o AAS para crianças, até os medicamentos para as pessoas de mais idade, pessoas com problemas de osteoporose, com moléstias mais graves, que exigem, inclusive, processos estaduais, como é o caso da mucoviscidose, também conhecida como fibrose cística. Há ainda a hepatite C, doença para a qual sempre falta medicamento, e a trágica situação de muitas pessoas que sofrem de esclerose múltipla, esquizofrenia e outras moléstias. Esse é um drama e é sobre essas questões que pretendo, cada vez mais, me inclinar, trabalhar com o meu mandato, minha voz, minha mobilização e meus contatos permanentes com as autoridades constituídas, porque elas devem fazer a gestão da coisa pública e guardar, essencialmente, os direitos das pessoas, porque saúde é um direito de todos e um dever do Estado.

Mas eu também quero aproveitar este momento em que colocam no papel muitas coisas e falam muitas coisas, seja aqui da tribuna, seja em carros de som que vejo e ouço pela Cidade, seja em folhetinhos, “santinhos”, seja lá o nome que se dá, que hoje estão, como volantes, percorrendo a mão das pessoas... Esse negócio é muito sério! A Verª Neuza já chamou a atenção para alguns elementos de conduta; a Verª Margarete, corretamente, colocou aqui sobre a importância de uma campanha eleitoral com novas regras, para que os que têm menos possam, minimamente, disputar com os que têm mais, já que não temos financiamento público de campanha, e, se tivéssemos, eu acho que no Brasil seria até um problema, apesar de defendê-la, porque as pessoas utilizariam de subterfúgios para ter dois aportes financeiros para a sua caixa de gastos de campanha.

Eu quero falar algumas coisas sobre o que se fez e o que se faz nesta Cidade. Quero dizer que alvará provisório não é uma construção do Ver. Adeli Sell quando Secretário, é uma construção coletiva da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio, e especialmente da sua Assessoria Jurídica, que continua a mesma na atual gestão: um era estagiário; outro, era CC; mais os servidores de carreira. Isso é importante que se diga, e eu sempre disse e faço justiça: nenhum mudou, porque lá estava o acúmulo de anos de conhecimento, e foi nessa Secretaria que se começou um processo de desburocratização em Porto Alegre. O Nedel e o Newton Braga Rosa estavam na PUC quando se discutiu a ampliação do Tecnopuc esta semana, e lá disse o Prof. Jorge Audi que, graças ao processo de desburocratização na gestão da SMIC, nós conseguimos fazer, em tempo recorde, todos os licenciamentos necessários: o ambiental, as obras de estrutura que têm a ver com a SMOV e também o alvará. Caso contrário, não teríamos 2.650 funcionários no Tecnopuc, que será dobrado, a Dell não teria vindo, a HP não teria vindo, a Microsoft não estaria lá.

O alvará provisório começou em 2003, na minha gestão na SMIC. Foi continuado, depois, pelos meus sucessores, tanto o sucessor da gestão da Administração Popular, Edson Silva, como pela gestão PMDB/Fogaça, Idenir Cecchim. E, por uma lei municipal aprovada por nós, Vereadores aqui, hoje o alvará provisório é lei em Porto Alegre. Assim que a gente deve, como cobrou o Ver. Haroldo de Souza, contar a real história do alvará provisório de Porto Alegre.

Eu também quero falar sobre o Porto Seco. Na minha Administração, havia profundas dívidas com a questão do Porto Seco, e o Ver. João Antonio Dib sabe, era uma área problemática, com plantas não muito claras e graves problemas com o cartório da região, gravíssimos! Eu lembro que o Prefeito Verle disse: “Eu quero resolver o problema do Porto Seco e o problema do Parque Industrial da Restinga, o senhor será o meu Secretário, mas quero essas duas questões”. E eu respondi: “Eu trabalho com as duas e mais o tripé do combate à ilegalidade”. E foi isso que eu fiz. O Porto Seco começou com um processo de legalização, um dia sim e outro também; no cartório foram brigas incomensuráveis. Então - e não fico alardeando -, como eu dei as escrituras da época e fiz todos os processos de licitação, depois não fui eu quem entregou as escrituras, foi a Prefeitura Municipal quem entregou... Houve, no Porto Seco - foram os Vereadores desta Casa que articularam comigo, em concordância com o Prefeito Verle -, o rebaixamento dos preços malucos, inexeqüíveis, porque ninguém comprava pelos preços que estavam colocados naquele momento.

Mudou-se a lei aqui na Câmara de Vereadores, e é importante que o povo perceba que uma cidade não anda sem seu Parlamento. Desde Montesquieu nós temos a divisão da nossa sociedade em três Poderes, é uma construção com muitos problemas, mas nós temos o Judiciário, o Executivo e o Legislativo. E, graças à democracia conquistada a duras penas neste País, nós temos um Legislativo atuando. Como diz o Ver. Dib, e eu não canso de repetir: antes de fazer leis, é preciso fiscalizá-las, e fiscaliza o Executivo quem é da situação ou da oposição. Por isso quero me congratular - tenho minhas profundas divergências a respeito de várias questões com o Ver. Haroldo - pela postura do Ver. Haroldo, porque acho que a gente não pode levar ninguém de “compadre”; corporação é importante quando defende o bem público.

Ver. Dib, nós não temos Sessões normais de 06 a 31 de julho. Vossa Excelência, eu e outros Vereadores batalhamos para que tivéssemos reuniões normais, não tivéssemos recesso agora, mas estamos aqui, praticamente são sempre os mesmos Vereadores. Como já foi dito, não passam de dez e não diminuem de sete, porque, senão, não haveria quórum, Ver. Todeschini. Mas estamos aqui atuantes; aprovando leis ou não, nós estamos diuturnamente na Cidade.

E eu dizia sobre os alagamentos que ainda temos em alguns lugares. Foi resolvido o problema da Av. Goethe, mas até na Lomba do Pinheiro, Verª Maristela Maffei, que é basicamente um morro, nós temos alagamentos também, porque há trancamento de vazões, nós temos problemas variados. E na Vila Cruzeiro há um lugar que se chama, Ver. Dib, Beco do Lago, o nome é bonito, mas a situação é trágica, porque vira um lago. Eu estive lá domingo à noite e verifiquei a situação. Como vejo, por exemplo, no Passo das Pedras, um problema grave de saneamento, de alagamento. Então muitas coisas estão para serem feitas, e nada melhor do que nos dias da tecnologia atual: com um máquina digital, podemos tirar foto, mandar por e-mail, e, como disse antes um Vereador aqui, não gastamos papel, não colocamos dinheiro fora, porque isso falta, Verª Neuza Canabarro, para os cadernos das nossas crianças. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

(A Verª Margarete Moraes assume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Com muito orgulho assumo a presidência dos trabalhos.

O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, hoje quero dedicar um pouco de tempo a uma questão importantíssima e fundamental para a Cidade e para o Estado, que é a questão da Segurança Pública.

A Segurança Pública é uma das questões que mais afligem os porto-alegrenses. Infelizmente tivemos a troca do Secretário Estadual da Segurança por parte da Governadora; era o Secretário Mallmann, a quem quero elogiar, porque evidentemente ninguém resolve os problemas da Cidade e do Estado de um momento para o outro. Mas o encaminhamento e a política do Secretário Mallmann têm de ser destacados, têm de ser elogiados e têm de ter a nossa solidariedade, Verª Margarete. O Secretário Mallmann estava profundamente afinado com a linha do SUSP, com a linha e com a política da segurança e da cidadania. Tomara que o novo Secretário tenha sucesso, Ver. Adeli; tomara; mas, se ele for seguidor e tiver as mesmas opiniões do Coronel Mendes, tenho as minhas dúvidas.

Ouvi com muita atenção a manifestação do Promotor Cláudio Brito no nosso Seminário, na última Sessão, assim como a do ex-Deputado Marcos Rolim, Deputado e jornalista, e nós temos de examinar porque as questões da insegurança são bem mais profundas do que a superficialidade de pedalar a porta, de sair atirando e prendendo as pessoas no morro, ainda que muitos precisem ser presos. Necessitamos de outros elementos no jogo, elementos que podem alterar a qualidade da segurança e que possam oferecer, efetivamente, a paz social.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Concedo um aparte ao nobre Ver. Adeli, que permanentemente é tão preocupado com esse tema.

 

O Sr. Adeli Sell: Obrigado, Vereador, pelo aparte. Vossa Excelência coloca bem, na terça-feira, dia 22, na PUC, nós tivemos a fala tanto do Cláudio Brito quanto do Marcos Rolim, e é interessante a confluência de algumas opiniões, principalmente sobre a questão da violência descabida que às vezes é praticada. Nenhum deles defendeu ilicitudes; nenhum deles defendeu qualquer atitude leniente da autoridade policial; pelo contrário. Mas todos foram unânimes em cobrar posição. Eu assisti ontem, na Band News, ao Demétrio, que eu tive oportunidade de conhecer quando era um jovem estudante da USP - o conheci em São Paulo -, fazendo uma análise da geografia do crime e colocando as questões do Rio de Janeiro, que a Verª Margarete Moraes citava, de passagem, na sua fala hoje aqui. As páginas dos jornais mostram Deputado e Vereador que, na verdade, são comandantes de facções criminosas. Não sou eu quem estou dizendo; o jornal é que diz, é a rádio que fala. Obrigado.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Ver. Adeli, obrigado pelo aparte, que enobrece o nosso debate.

Retomando o assunto, corroboram a minha opinião também essas duas magníficas pessoas, tanto o ex-Promotor e Jornalista Cláudio Brito como o ex-Deputado e Jornalista Marcos Rolim, que são especialistas na área da Segurança Pública.

O problema que nós enfrentamos é que, quando se implanta um método equivocado, achando que a paz social se consegue através da violência, através da imposição de regimes de força, como aquele ato de hastear a bandeira da Brigada Militar no Morro da Maria Conceição, na verdade, há conseqüências, porque isso também é uma visão - há uma opinião, um conceito por trás disso -, no meu entendimento, equivocada, Ver. Adeli.

Eu estive naqueles dias na Vila Cruzeiro, estive no Campo da Tuca, estive em outras vilas, em outros bairros pobres da Cidade, e se ouviam sem cessar os estampidos dos revólveres, das pistolas descarregadas na guerra que as facções do tráfico, que as facções do crime travavam naqueles bairros. Por quê? Porque, simplesmente, pela ação desastrada e desastrosa da Polícia, esses indivíduos foram deslocados para outras regiões já ocupadas também pela criminalidade, e a população civil ficou exposta às balas perdidas, à guerra entre essas diversas facções, Ver. João Dib. Eu estive num local, ouvi muitos estampidos, muitos tiros, e as pessoas me disseram o seguinte: “Isto está acontecendo desde as oito da manhã; agora são seis e meia da tarde, e ainda não parou”. Aí nós estivemos lá no Posto da Brigada Militar para que fosse tomada alguma providência, e nos perguntaram: “Morreu alguém? Se morreu alguém, nós subiremos para recolher os cadáveres”. Então, não é isso que vai fazer Segurança Pública.

Nós aprovamos aqui, em 27 de dezembro, a Lei das Áreas Integradas de Segurança Pública. O Prefeito José Fogaça sancionou a Lei em 27 de fevereiro, e essa lei tem o mérito de organizar os serviços públicos de Segurança no Município sob a tutela da Secretaria Municipal de Segurança com a autoridade municipal, tendo um papel destacado no jogo e na organização dos serviços de segurança e na paz social. Porque, antes de ações violentas, nós precisamos de uma profunda inclusão social, cultural, no lazer, no qual o esporte tem um papel destacado A juventude precisa de oportunidades, senão o que resta é o aliciamento pelo crime, pelo tráfico, pelos negócios ilícitos, que talvez apontem momentaneamente para um rendimento superior inclusive ao que o mercado paga, pela mão-de-obra produtiva, mas, a bem curto prazo - nem a médio prazo -, essas pessoas que se envolvem com a criminalidade têm os dias contados, porque serão presas e, em seguida, dizimadas pela guerra que o tráfico estabelece. E assim nós estaremos perdendo a cada dia mais a nossa juventude, o que é muito lamentável.

Então, já temos a lei sancionada há meses. O problema é que não há orçamento, não há nenhuma atitude por parte nem do Prefeito nem da atual Secretaria que vá ao encontro, de maneira muito breve, de maneira muito rápida, a implementar as ações que estão disciplinadas pela lei, essa lei que foi aprovada aqui por unanimidade, com as Emendas do Governo e com a contribuição de toda a Câmara. Estamos aqui fazendo uma cobrança de público ao Prefeito e à Secretaria Municipal para que façam a implementação da lei, porque há necessidade da paz social e do fortalecimento especialmente dos programas para juventude, das escolas profissionalizantes, das escolas técnicas, do esporte, do lazer, da cultura, enfim, tem de haver o envolvimento da juventude nas práticas sadias, para que os jovens não se tornem soldados e trabalhadores do crime. Deixamos bem clara essa posição porque estou bastante impactado com o crescente aumento da violência e das fileiras da criminalidade.

Também quero fazer aqui uma manifestação de extrema preocupação, dado ao grau de precariedade e abandono das questões da Saúde. Temos uma greve em curso no Sistema Murialdo; acompanhei, é uma greve por condições de trabalho, por algumas garantias mínimas. Ver. João Dib, não é possível que um posto de saúde não tenha um banheiro, um banheiro, pelo menos, que funcione. O senhor sabe que no Sistema Murialdo os banheiros não estão funcionando, por exemplo; pelo menos três ou quatro postos não oferecem as mínimas condições.

Verª Margarete, solicito tempo de Liderança pela Bancada do Partido dos Trabalhadores, para que eu possa concluir o meu pronunciamento.

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Pois não, Ver. Carlos Todeschini.

O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Então, temos o Sistema Murialdo; é bem verdade que ele está sob a responsabilidade do Estado, da Governadora e do Secretário Osmar Terra; o problema é que temos um Sistema Municipal de Saúde em que o Estado quer empurrar ao Município, e o Município se nega a receber. São cerca de 130 mil pessoas que estão praticamente sem atendimento ou com atendimento precariíssimo devido às condições de trabalho, às instalações. O Posto da Vila Vargas; o posto da Av. Ceres, que é o Posto 5; o Posto 7, o Posto 8; o Posto 4, no Morro da Cruz; todos esses estão em condições precariíssimas. Mas não são só os do Estado ainda não recebidos pelo Município, pois estão muito ruins e deficientes os do entorno também.

Na semana passada houve a inauguração - ou quinze dias atrás - daquele Posto das Bananeiras, ali próximo à Rua Jonathas Borges Fortes; lá chegando, o Vice-Prefeito, o Secretário Eliseu Santos, encontrou uma série de cartazes da comunidade dizendo que falta remédio, faltam profissionais, faltam especialistas, atendimentos, essas coisas todas. De maneira bastante reativa, o Secretário mandou que retirassem as caixas que fariam a amplificação do som para a inauguração, e desancou, soltou as patas nos funcionários. Eu sei que quem pediu que a comunidade fizesse o protesto foram os funcionários, que não agüentam as pessoas chegarem, ficarem sem o atendimento, pressionarem, xingarem e se descontrolarem. Por quê? Porque o atendimento está horrível.

A mesma coisa acontece do outro lado do sistema mais a leste, no Sistema Murialdo, onde temos a UBS São José. Trabalhamos dois anos aqui, pelas Comissões, desafetamos um terço da área da praça para a implantação desse posto de saúde. Conseguimos, por meio de uma Emenda Federal, recursos na ordem de 190 mil reais para a edificação. É verdade que falta uma complementação, mas há a verba do Orçamento Participativo. E, pasmem, Ver. João Dib: o Projeto foi para Brasília totalmente errado, e desde 05 de abril de 2007 a comunidade está aguardando. E não há reclamações sobre o atendimento dos profissionais, porque os 31 profissionais da UBS São José são excelentes, são modelares profissionais. Só que hoje eles atendem no porão de uma creche, que não tem janelas, que tem infiltrações, que não tem troca de ar, um ambiente que também deixa as pessoas doentes. E vejam um dos itens que motivou a devolução do Projeto - o senhor é engenheiro, conhece bem a matéria: o projeto elétrico foi com fiação de 1,5 para todo o Posto! Quando reformei a minha casa, onde moram quatro pessoas, tive que usar fio 10, fio 6, fio 3 ou 2,5 - não lembro se adquiri esse fio de 1,5. Uma unidade de 300 metros quadrados, que vai atender a 30 mil pessoas... E o Projeto foi reprovado em Brasília por esse motivo. Quantos outros errados?! É lamentável que isso aconteça. Onde está o Serviço de Engenharia da Prefeitura, enquanto a comunidade sofre por desleixo, por falta de cuidado, por essas coisas?

Também quero fazer uma referência à questão da habitação na Cidade. É verdade, está vindo bastante dinheiro, há muitos recursos do Governo Federal para a Entrada da Cidade, para a Vila Dique, para a Vila Nazaré. Há uma série de Programas, como o PAR - Programa de Arrendamento Residencial -, que está acontecendo. Isso é muito bom, porque a Cidade precisa mais do que isso, precisamos, ainda, ampliar os horizontes, porque o déficit habitacional, como vimos no nosso Seminário, é muito grande no Brasil. Agora, com algumas coisas nós não podemos concordar. Por exemplo, não podemos concordar com o que o ex-Secretário do DEMHAB está fazendo, pois “não está no mapa”, não é uma conduta aceitável. E ele ainda usa o lema: “Este Vereador é o sonho da casa própria”, Verª Margarete, o sonho da casa própria.

Eu conheço comunidades que foram enganadas, mentiram na minha frente. Por exemplo, para aquela comunidade que mora próximo à barragem do DMAE, que foi inundada, ali na Lomba do Sabão, foi dito, na minha frente e na frente da Superintendência da Caixa, que havia 500 lotes na Parada 4 para assentar aquelas pessoas. Depois, nós pressionamos, fomos atrás, queríamos saber onde era e tal. Depois de apertarmos, depois de testemunharmos no Fórum do Conselho da Região, o ex-Secretário telefonou para um dos agentes do Governo, um tal de Moranguinho, que é da Lomba do Pinheiro, e aí ele disse: “Ah, desculpem, eu me enganei, não tem 500 lotes, não existem os 500 lotes de que falei”. Veja só, Ver. Haroldo, um ex-Secretário que fala em nome do Governo, mente ou se engana - para mim ele estava mentindo -, fala em 500 lotes, mas está em toda a Cidade: “Este Vereador é o sonho da casa própria”. Assim como vai lá na comunidade da Vila Triângulo, torna-se procurador por 20 anos, ganha dinheiro, cobra caro e depois faz com que eles sejam despejados, mentindo, mentindo, enganando e roubando as pessoas. E é um candidato dos bens fortes na eleição do próximo pleito. Tomara que o povo acorde a tempo. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. Carlos Todeschini. Comunico que, com exceção da Verª Maristela Maffei, todos já falaram em Comunicação. A Vereadora está inscrita em Liderança pela oposição, mas antes temos inscrito, em Liderança, pelo Partido Progressista, o Ver. João Antonio Dib.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

(O Ver. Carlos Todeschini reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu quero dizer que a principal missão dos Vereadores é o poder-dever de fiscalizar, portanto o legislador não precisa fazer leis, ele precisa fiscalizar o cumprimento das leis. E nós temos, como Vereadores, três grandes momentos: quando nós temos que discutir a Lei de Diretrizes Orçamentárias, quando nós temos que discutir o Orçamento e quando temos que discutir o Plano Diretor e suas possíveis alterações. A Lei de Diretrizes Orçamentárias vamos discutir em seguida; o Orçamento também; o Plano Diretor estamos discutindo e discutindo. Portanto, a principal missão do Vereador é fiscalizar.

E essa missão de fiscalizar é permanente, não tem recesso para ela, é continuada. Hoje mesmo eu fiz uma análise da execução orçamentária do primeiro semestre da Prefeitura. Penso que o recesso é importante para a Câmara e para os Vereadores, porque nós precisamos discutir os problemas da Cidade, e é uma oportunidade que temos para fazer isso. Se eu quiser discutir um problema ocorrido hoje, no período normal de Sessões, pode ser que eu tenha que esperar 27 Sessões para ter dez minutos para falar sobre esse problema ocorrido hoje. Ou então nove Sessões para ter cinco minutos para poder falar sobre um assunto que é momentâneo. Então, eu acho que só o fato de, duas vezes por semana, cada um dos Vereadores ter dez minutos para falar dos problemas da Cidade já justifica plenamente o recesso. Eu sou daqueles que há mais tempo pediram a diminuição do recesso legislativo. O recesso legislativo é o período em que não se fazem leis, mas, para o resto, a Câmara está aí. Poderia até, por exemplo, continuar no recesso uma CPI, uma Comissão Especial. Nada impede que isso ocorra. Podemos licenciar o Prefeito a viajar, podemos fazer uma série de coisas, mas o mais importante é que podemos discutir os problemas da Cidade, e são dez minutos para cada Vereador.

Agora, o que me desagrada, e desagrada profundamente, é que o Regimento diz que são dezenove Vereadores e há proporcionalidade para os Partidos. Às vezes, Vereadores que gostariam de participar da Representativa não podem porque são somente dezenove Vereadores. E, desses dezenove, há nove ou dez que comparecem sempre e há outros tantos que não comparecem nunca, não se apresentam para a Sessão da Comissão Representativa. Penso que é um tempo precioso que nós perdemos para discutir os problemas da Cidade.

Nota-se que aqueles Vereadores que ocuparam a tribuna discutiram problemas da Cidade de uma ou de outra forma, certos ou errados, mas trouxeram as suas posições e puderam fazê-lo, não tiveram que esperar 27 Sessões para ter dez minutos para falar! E, durante um ano, o Vereador tem quatro vezes dez minutos para falar dos problemas da Cidade, quatro vezes! Na Comissão Representativa ele tem duas vezes por semana. Eu acho que, se quiserem diminuir o período de recesso, muito bem, mas a Comissão Representativa deve continuar funcionando e deve ser um orgulho para esta Casa, porque é uma das raras que faz valer a Comissão Representativa e que se reúne! Porque a Assembléia também tem, o Congresso também tem, mas não há reunião.

Portanto, eu sou favorável à continuidade da Comissão Representativa, apesar do imenso apreço que tenho pela figura do meu querido amigo Haroldo Joaquim de Souza, o qual já conseguiu muitas coisas. Por exemplo, nós fazíamos Sessões nas sextas-feiras pela manhã, e faltava quórum muitas vezes, como falta quórum agora e em outros dias, e por muito tempo muita gente quis mudar o horário da Sessão da sexta-feira de manhã para quinta-feira à tarde. O Ver. Haroldo de Souza, na sua primeira Legislatura, conseguiu que isso ocorresse com uma Emenda de sua autoria. Portanto, eu tenho, realmente, razões para concordar com muitas coisas que o Haroldo diz e faz, pela sua espontaneidade, mas desta vez eu estou discordando do meu querido amigo - eu acho que a Comissão Representativa é uma coisa muito boa. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma Comunicação de Líder pela oposição.

 

O SR. ADELI SELL: Meu caro Ver. Todeschini, colegas Vereadores e colegas Vereadoras, uso o tempo de Liderança pela oposição para fazer algumas cobranças, as quais considero fundamentais. Nós voltamos ao tema da falta de medicamentos. É papel do Vereador cobrar quando as coisas não funcionam. Nós temos carências de pessoas, de atendimento em vários postos de saúde. No São Cristóvão, ali perto Colégio São Francisco, na Zona Norte, não há medicamento, Ver. Haroldo de Souza, para pessoas que têm hipertensão. O que fazem os idosos, principalmente os que têm pressão alta, hipertensão, e não encontram no posto um diurético, nem um Captopril? Encontrei, também na Zona Norte, mais especificamente na Vila Dom Pedro, uma pessoa com gravíssimo problema de locomoção, para a qual nenhum médico, nenhum posto orientou sobre os procedimentos que devia tomar, porque a pessoa possui só um rim, portanto poderia ter uma aposentadoria precária, mas poderia ter. Medicamentos, então, nem se fala. No bairro Cruzeiro do Sul pessoas - não uma, nem duas, mas várias - me mostraram uma listinha de medicamentos que não existem nem no Postão, nem no postinho mais perto de suas casas.

Falta medicamento em Porto Alegre, há uma carência muito grande, e nós vimos hoje, no próprio Espelho aqui foi mostrado, as verbas que vieram do Governo Federal, e não foram poucas. Só o que está ali demonstrado hoje são quase 400 mil reais para duas áreas importantes da Saúde: Oncologia - câncer - e transplantes. Agora, eu vejo também a precariedade das nossas instituições, e é um problema de gestão. Quem fazia o serviço de portaria e de segurança no Postão, no Pronto Socorro, era uma empresa “picaretíssima”, e agora a Superintendência Regional do Trabalho organizou. Era uma empresa que pagava previdência, às vezes se chama ação, às vezes, reação, mas não é uma coisa nem outra, é picaretagem mesmo. Saiu do Mercado Público, graças a Deus; saiu do Postão, mas ainda está em alguns lugares na Prefeitura.

Agora, tem uma tal de Algert, que “papou” vários contratos na Prefeitura, Ver. Todeschini. Uma cooperativa que ninguém sabe de onde caiu, de onde saiu, e o Mercado Público, que nós tanto defendemos aqui, Ver. João Dib, continua com os seus banheiros numa situação horrível de limpeza, não dá para falar aqui dessa situação - eu tenho insistido nessa questão. O contrato foi prorrogado por mais seis meses, apesar dos apelos feitos nesta tribuna, apesar dos documentos que mandei para a Prefeitura. A Prefeitura está esperando o quê? Qual é o mistério? Qual é o amor que ela tem, tão grande, por essa Cooperativa? Eu vou depois conversar com os Srs. Vereadores, porque eu andei descobrindo algumas coisas, mas, como não tenho todas as provas cabais, não farei comentários, porque quem faz acusações tem que as provar cabalmente. Mas eu estou de olho, eu estou indo atrás e descobrirei. Não sou Sherlock Holmes, mas não sirvo para idiota. Eu sou Vereador de Porto Alegre, eu sou fiscal da coisa pública, e atentem, escrevam: há problema com essa tal de Algert. Já falei com a DRT, e o atual Delegado, que inclusive é do Partido da Verª Neuza Canabarro, tem sido atento, faça-se justiça. E nós iremos às últimas conseqüências, porque esses picaretas não podem ter vez na Prefeitura e na Cidade. Nós temos que defender as empresas idôneas que pagam impostos, que trabalham direto e que não logram seus funcionários. Cooperativa picareta - e eu faço parte da Frente de Defesa da Cooperativa - não tem defesa! Tem-se que atacar e colocar na cadeia. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo Governo.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Carlos Todeschini; Verª Neuza Canabarro, Srs. Vereadores, vejam a importância da Comissão Representativa: o Ver. Adeli Sell, como sempre, reclamou da falta de remédios em Porto Alegre. Essa reclamação que hoje ele faz eu cansei de fazer na Administração do Partido de Vossa Excelência. Faltavam, e não era eu quem dizia, era o Dr. Argolo Mendes, antipsicóticos e anti-hipertensivos, remédios muito baratos, que são de uso contínuo. Não estou falando daqueles remédios mais caros para doenças mais complicadas, como a hepatite C; faltavam os mais baratos. E naquele tempo a Prefeitura recebia mais recursos do Ministério da Saúde do que recebe hoje. E a Prefeitura aplica 20% do seu orçamento na Saúde. Mas a União aplica 4% na Saúde, e, pela Emenda nº 29 da Constituição, seriam 10%; é o que está na Constituição. Eles não conseguem regulamentar a Emenda, porque o Governo pretende fazer a Contribuição Social para a Saúde - CSS. Segundo alguns Deputados, é uma contribuição supersecreta, porque ninguém sabe como vai ser usada; foi infiltrada na regulamentação da Emenda nº 29, por isso os Deputados deixaram para votar depois da eleição. Na verdade, o Governo Federal não quer dar os 10% para a Saúde, como não deu mais recursos para a Prefeitura de Porto Alegre, deu menos recursos.

Os Estados Unidos aplicam nove vezes mais em Saúde por habitante do que o Brasil aplica. A Inglaterra aplica seis vezes mais em Saúde do que o Brasil. Se nós passássemos de 4%, que é o que o nosso País aplica na Saúde, multiplicaríamos o dinheiro aplicado, por habitante, por 2,5%; já teríamos condições melhores de Saúde. Então, não basta reclamar, reclamar, reclamar. Quando nós reclamamos aqui, e o Ver. Adeli Sell realmente é atento, reclama do problema da Cooperativa no Mercado Público... Mas hoje os jornais estão trazendo a informação de que a Prefeitura está tomando outras providências e que, dentro de trinta dias, será sanado o problema, não haverá mais problemas no Mercado Público. A Prefeitura está providenciando. Isso porque Vereadores reclamam, como o Ver. Adeli Sell e outros, chamam a atenção, porque o Executivo tem de ser informado, tem de ser fiscalizado, vigiado, mas também de ser orientado sobre o que está acontecendo errado.

Hoje, lendo nos jornais, por exemplo, vimos que aquele processo da limpeza pública, da licitação, foi arquivado por falta de provas, por falta de consistência; que o Sr. Garipô Selistre - que eu nem conheço muito bem - foi isento de qualquer acusação. Quando ele foi indiciado, foi uma coisa impressionante, todo o mundo falou; hoje ninguém aproveitou a oportunidade para dizer que as coisas não estavam da forma como foram trazidas aqui à tribuna. Estavam erradas, e o Executivo tomou a iniciativa de anular a licitação.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): Não foi o Executivo que anulou a licitação!

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: O Ver. Todeschini, da Mesa, está-me fazendo sinal de que não foi o Executivo que anulou a licitação. De qualquer forma, se houve pressão, e eu acho que houve, o Ver. Todeschini foi um dos que pressionaram, mas, de qualquer forma, o Executivo anulou a licitação, e agora, na Justiça, não encontraram condições para que se desse seqüência ao processo; então, ele foi arquivado. De qualquer forma, eu acho que é importante que haja a Comissão Representativa, e é importante que fique bem claro que, desde que o Presidente Lula assumiu o Governo, a Prefeitura de Porto Alegre passou a receber muito menos recursos para a Saúde, isso eu mostrei na semana passada e, depois, no reinício das atividades normais da Câmara. Eu vou dar uma cópia para cada Vereador, para que saibam o quanto menos a Prefeitura está recebendo e quanto mais se exige dela. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Hoje é o meu ‘pega’ com o meu querido amigo João Antonio Dib! Há contradição, Dib, nesse negócio da Representativa. Você diz que o Legislador não é para fazer projetos, mas é para fazer projetos também! Só para fiscalizar eu acho que não. Nós não estamos aqui só para a LDO, para o Plano Diretor e para o Orçamento. Nós estamos aqui também para redigir projetos. Agora, o recesso que não faz leis é que me coloca na cabeça essa preocupação. Dib, com todo o respeito que eu tenho pelo senhor, pela sua tradição histórica, gosto de dialogar sempre e sempre o farei, nesta Casa, com respeito. Mas nós somos culpados também pela imagem que transmitimos ali fora.

Hoje as pessoas têm assinatura do Canal 16, isso já não é mais privilégio de pouca gente. Se a gente faz a campanha e vai para a periferia, a gente encontra pessoas com os seus aparelhos ligados no Canal 16, eu constatei isso. Às vezes, o cidadão não tem o que comer, mas tem assinatura em casa - para assistir a filmes, sei lá -; não tem o que comer, mas tem a assinatura da televisão. É para essas pessoas que passamos este tempo todo de uma quarta-feira; de novo vamos para 11h25min e estamos aqui desde às 9h45min falando. Eu sei das posições, é interessante, mas não seria mais dentro daquele critério da lei feita para ser obedecida, mas também para ser modificada. Vossa Excelência ainda disse que talvez a Representativa precise autorizar o Prefeito a viajar, mas faz-se uma Extraordinária para o Prefeito viajar, já que a gente sabe para onde vai o Prefeito ou deixa de ir, depois a gente pode fazer a fiscalização, cobrar onde e para que ele foi. Agora, uma Representativa porque o Prefeito pode querer viajar a qualquer momento...! Isso não explica aos munícipes, não explica aos porto-alegrenses esta Reunião; não. Não explica porque hoje nós ficamos, única e exclusivamente, dissertando, colocando dados, detalhes.

Então, por que não onze meses? Nós já diminuímos o recesso, estou pegando a Representativa como bandeira, sim! Nós precisamos economizar gente, nós precisamos economizar material, nós precisamos economizar água, energia elétrica e a estrutura da Casa, precisamos sim, a não ser que estejamos nadando em dinheiro, e eu não esteja sabendo que a Casa está tão bem assim, que os cofres públicos estão tão bem assim para a gente fazer uma Representativa! Repito: lei, cumpra-se; lei, não está servindo? Modifica-se! Senão daqui a mil anos, só porque há uma lei, vamos estar aqui reunidos sempre numa Representativa.

Eu vou dar um endereço, mas não vou dar o nome de uma Cooperativa que atende ao DMLU. Fica na Rua Orfanatrófio 461, bairro Alto Teresópolis. Eu só quero dizer números, porque em campanha a gente conversa com as pessoas, e eu conversei com três garis. Eles recebem de salário 224 reais e 75 centavos, recebem de auxílio doença 152 reais e 17 centavos, assim eles têm um vencimento de 376 reais e recebem líquido 321 reais. Se o gari faltar por doença, ele perde a próxima folga, então ele é descontado dois dias. Vejamos: são15 reais e 50 centavos vezes dois, totalizando 31 reais! Tirar de um gari 31 reais porque ele faltou por problema de saúde...! Ele perde o dia que faltou e perde a próxima folga! Mas que coisa desumana faz essa Cooperativa que fica na Rua Orfanatrófio 461, bairro Alto Teresópolis, em nossa Capital.

Vocês recordam que recentemente dois ou três garis jogaram lixo no arroio Dilúvio em frente da sede do jornal Zero Hora? Pois, alegando prejuízo, eles vão descontar de todos os garis o prejuízo que vai causar a limpeza do arroio Dilúvio. Mas onde é que está escrito isto: que pode tirar do vencimento de um pobre gari? E poderia ser um pobre de outra coisa, mas é sobre um pobre de um gari que eu estou me referindo. Descontar o prejuízo de todos; prejuízo que foi causado por três, que já foram mandados embora em função daquela atitude de jogar lixo no arroio Dilúvio! Quem tem que arcar é a empresa! A empresa é que tem que arcar com o prejuízo!

E outra: não tem vale-transporte, nem vale-refeição. Mas e essa Cooperativa? Para onde é que vai essa grana? A Cooperativa desconta dos rapazes o uniforme! O cara tem que pagar o uniforme para poder trabalhar. Mas é muito desumano! É muita sacanagem! Eu gostaria que alguém me visitasse, ou, se quiserem me chamar, eu vou lá na Rua Orfanatrófio nº 461 para saber como é que não se dirige uma empresa, humanamente falando! É impossível o tratamento que se dispensa a determinados segmentos da sociedade! O salário de 426 reais é uma merreca, já é pouco, e a Cooperativa ainda desconta o uniforme, não dá vale-transporte, não dá vale-refeição, não dá absolutamente nada e exploram! Com a palavra a Cooperativa da Rua Orfanatrófio, nº 461, bairro Alto Teresópolis. E não venham com chorumelas. Chorumelas, não! Digam-me exatamente por que vocês fazem isso. Vocês não estão tratando com seres humanos, ou são máquinas? Quem sabe vocês comprem robôs!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Todeschini): Estão encerrados os trabalhos da presente Reunião.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h27min.)

 

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